sábado, 11 de outubro de 2014

Centenário da Primeira Guerra Mundial


Como sabem este ano comemora-se o centenário da I Guerra Mundial, considerada a primeira guerra moderna, onde foram utilizadas pela primeira vez técnicas e armamentos que causaram uma mortandade até aí nunca antes vista.
Sendo assim, aproveitei esta efeméride para aprofundar um pouco mais os meus conhecimentos sobre esta guerra e o respetivo contexto histórico e social da mesma. Para isso fiz esta seleção de seis livros que abordam várias visões da I Guerra Mundial, tanto internacionalmente como nacionalmente.
Vou iniciar pelo maior e mais complexo dos seis livros, "A Primeira Guerra Mundial" do famosíssimo historiador Britânico Martin Gilbert.
Este livro é um "calhamaço", em quase 1000 páginas, Martin Gilbert expõe e explica com uma linguagem bastante acessível sem entrar no aborrecido e técnico, toda a I Guerra Mundial, desde o antes, os Impérios, as alianças, as invejas e intrigas que levaram ao eclodir da guerra, ao durante o primeiro avanço alemão, a estagnação na Bélgica, a guerra de trincheiras, os avanços e recuos as novas armas, a vida dos soldados, as diversas frentes e o fim da guerra, a rendição alemã, a humilhação da mesma no Tratado de Versalhes e o que daí virá no futuro.
É um livro completo, que resume a guerra e que se lê como se fosse um livro de ficção.
Depois do livro de Martin Gilbert que nos mostra o global, passo para quatro livros que nos dão a visão portuguesa do conflito.
Portugal também participou nesta guerra, apesar de só entrar oficialmente no conflito em 1916, desde 1914 que havia "escaramuças" com os alemães nas colónias. O livro seguinte, "Os Fantasmas do Rovuma" do jornalista Ricardo Marques conta-nos esse lado do conflito em que morreram e ficaram feridos centenas de portugueses e africanos no norte de Moçambique no rio Rovuma naquilo que é designada por muitos como a "guerra esquecida".
Portugal para defender as suas possessões em África principalmente no norte de Moçambique enviou tropas para combater os alemães junto ao rio Rovuma que faz a fronteira natural entre Moçambique e a Tanzânia que era uma possessão alemã na época, mas as tropas estavam muito mal equipadas e preparadas para combater na selva contra um inimigo implacável e genial, o que provocou uma série de "desastres" e insucessos na campanha de África em que morreram mais soldados de doença, cansaço, fome e sede do que da guerra propriamente dita.
O livro seguinte, não fala da guerra em si, mas de um "mito" português criada durante a mesma, "O Herói Português da I Guerra Mundial" do também jornalista Francisco Galope conta-nos a estória do soldado Milhais, depois "Milhões" que durante a batalha de "La Lys" a maior batalha onde Portugal lutou durante a guerra, aguentou uma posição de metralhadora e salvou dezenas de camaradas, sendo condecorado e considerado herói. "Milhões" após a guerra terminar voltou para Portugal onde foi "esquecido" até 1922, quando o "redescobrem" e a partir daí a máquina da propaganda cria o mito que perdura até hoje.
"A Malta das Trincheiras" de André Brun é um clássico!!!
André Brun, escritor, jornalista e cronista, combateu na I Guerra Mundial como oficial nas trincheiras e traz-nos este livro fantástico na primeira pessoa, cheio de ironia e humor mordaz, em que mostra o dia a dia dos soldados nas trincheiras (e fora delas), a vivência dos soldados, os (maus) hábitos dos portugueses e toda a mesquinhez e trapaças que eram o dia a dia das tropas.
Fiquei a saber que muitas expressões de gíria que ainda hoje se usam, nasceram nas trincheiras das Flandres e que a tropa de 1918 em muita coisa não é diferente da de 2014...
O quarto livro sobre a participação de Portugal na guerra, é o "Das Trincheiras Com Saudade" da historiadora Isabel Pestana Marques, que é a versão portuguesa do livro de Martin Gilbert.
Isabel Pestana Marques, traz-nos um livro técnico mas em linguagem acessível que esmiúça em pormenor todas situações e problemas que atingiram tropa Portuguesa, desde a criação do CEP (Corpo Expedicionário Português), o seu treino em Tancos, o embarque para França, a vida dos soldados em França, os seus hábitos, a disciplina (e falta dela), a higiene, as doenças, os combates, até ao desastre da batalha de La Lys e respetivo fim do CEP. Enfim um livro abrangente que nos dá uma visão completa da aventura Portuguesa em França.
O último livro desta seleção sobre a I Guerra Mundial, é um clássico da literatura, "A Oeste Nada de Novo" de Erich Maria Remarque, que nos mostra o lado Alemão da guerra, pelos olhos de um jovem soldado, que nela combate.
 Um livro fantástico, muito bonito que demonstra o absurdo da guerra. Este livro foi proibido em vários países durante muitos anos por ir contra o que as "máquinas propagandistas" diziam ser a virtude e razão da guerra.
Irei falar mais pormenorizadamente deste livro noutro post que irei fazer.
Sendo assim aqui ficam as minhas sugestões de leitura sobre o tema da I Guerra Mundial.

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