quarta-feira, 21 de março de 2012

Dia Mundial da Poesia


E porque hoje é o Dia Mundial da Poesia, aqui fica um poema do grande Almeida Garrett

Este Inferno de AmarEste inferno de amar - como eu amo! - 
Quem mo pôs aqui n'alma... quem foi? 
Esta chama que alenta e consome, 
Que é a vida - e que a vida destrói - 
Como é que se veio a atear, 
Quando - ai quando se há-de ela apagar? 

Eu não sei, não me lembra: o passado, 
A outra vida que dantes vivi 
Era um sonho talvez... - foi um sonho - 
Em que paz tão serena a dormi! 
Oh! que doce era aquele sonhar... 
Quem me veio, ai de mim! despertar? 

Só me lembra que um dia formoso 
Eu passei... dava o sol tanta luz! 
E os meus olhos, que vagos giravam, 
Em seus olhos ardentes os pus. 
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei; 
Mas nessa hora a viver comecei... 

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'

quarta-feira, 14 de março de 2012

"Em Nome da Pátria"

Este foi um dos livros que já foi lido este ano e que nos traz uma visão diferente e aprofundada sobre a Guerra de África.
Neste livro, Brandão Ferreira, mostra-nos as causas da guerra, os seus antecedentes históricos, a posição de Portugal no mundo, a "justeza" ou não da guerra, a legitimidade de Portugal em possuir os territórios ultramarinos, a política de Portugal em relação a esses territórios, a conjectura mundial (a invasão de Goa pela Índia, o apoio Russo e Norte-Americano aos movimentos independistas) e as pressões que Portugal sofreu dos outros países por causa desses mesmos territórios ao longo dos séculos, desde as descobertas até às independências.
Fala também sobre a política e as condições sócio-económicas de Portugal e dos territórios ultramarinos, a sustentabilidade da guerra e do desgaste de Portugal que culminou com o 25 de Abril de 1974 e a má retirada de Portugal de África.
Apesar de não concordar com alguns pontos de vista (nomeadamente políticos) do autor, considero este livro um documento soberbo, exaustivo, pormenorizado e interessante sob o ponto de vista historiográfico e social.
Apesar de a guerra já ter terminado à quase 40 anos, ainda é um tema "tabu" e muito mistificado, este livro como atrás disse mostra uma visão totalmente diferente, objectiva, e sem receios de fazer certas afirmações ou verdades que foram reprimidas durante estes anos todos, por não serem "politicamente correctas".
A guerra existiu, durou de 1961 a 1975, milhares de homens de ambos os lados nela combateram em frentes diferentes (Goa, Angola, Moçambique e Guiné) e não podemos esquecê-la, temos de olhar para ela objectivamente e tirar todas as lições possíveis de tudo o que nela aconteceu directa ou indirectamente. 
Nesse aspecto este livro está fantástico e recomendo-o a toda a gente.

Regresso

Sei que há mais de 6 meses que não venho aqui ao "O Que Eu Leio", no último semestre de 2011 a minha vida privada teve de se "virar" para outro objetivo que eu tracei e nisso resultou a minha falta de tempo para as leituras e consequentemente para vir aqui deixar as minhas opiniões. Com o novo ano, retomei as leituras, mas continuei sem aqui vir, mais por preguiça, do que por falta de tempo, mas hoje decidi que tinha de recomeçar a divulgar as minhas opiniões/sugestões de leitura como fazia anteriormente.
Não prometo que seja com a regularidade do ano passado, visto que o meu ritmo de leituras agora é mais lento mas sempre que um livro me despertar mais a atenção, prometo vir cá "opinar" sobre ele.
Aos leitores que me seguiam deixo as minhas desculpa e como disse no parágrafo anterior prometo não deixar cair este meu/vosso blog sobre livros e leituras.
A todos o meu obrigado

Nuno Martins