sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Fédon - Platão




Depois de ler "O Homem Sem Qualidades" e "Berlim AlexanderPlatz" (livro sobre o qual também irei postar brevemente a minha opinião neste blog), decidi ler uma obra mais pequena para "desanuviar" e sendo assim escolhi um dos melhores textos/diálogos escrito por um dos pais da filosofia; o "Fédon" de Platão
Neste livro "Fédon", Platão vai falar acerca da imortalidade da alma e para isso vai "pegar" no último dia de vida do seu mestre e também "pai" da filosofia; Sócrates e numa suposta conversa que ele teve sobre esse tema com os seus discípulos antes de morrer. (Sócrates foi condenado por um tribunal de Atenas a suicidar-se com veneno, acusado de "desviar" e "corromper" a juventude Ateniense com as suas ideias filosóficas).
O argumento é simples, começa tempos depois da morte de Sócrates, em que Fédon um dos discípulos presentes nesse dia, cruza-se com Equécrates e é interrogado pelo mesmo sobre o que Sócrates disse nesse seu último dia de vida, a partir daí Platão usa Fédon para reproduzir o diálogo e expressar na pessoa de Sócrates as suas teorias sobre a imortalidade da alma.
O diálogo tal como é normal em Platão é bastante coeso e fluído e no qual através da argumentação, da retórica e da utilização constante de premissas é justificada e explicada a imortalidade da alma e a pureza daqueles que tal como Sócrates que "renegaram" os prazeres carnais e apenas se dedicaram pura e exclusivamente à filosofia atigindo com isso a perfeição e a imortalidade.
Faz também uma descrição do que seria na ideia dele o "Hades" mundo para o qual as almas iriam após a morte dos corpos onde habitavam e para onde essas mesmas almas seriam conduzidas conforme o seu comportamento em vida. (Aqui vê-se uma grande parecença com as crenças cristãs, visto que também existem três locais distintos para as almas serem encaminhadas, uma espécie de "Inferno", "Purgatório" e "Paraíso" gregos.
O edição que li é a da "Guimarães Editores" da Colecção Filosofia & Ensaios, tamanho de bolso mas sem descurar a qualidade. Para além do diálogo propriamente dito, o livro contém também um prefácio/introdução exaustivo que explica e situa a obra e Platão no espaço e no tempo, explica a divisão do diálogo e as ideias principais sobre o tema, além deste prefácio/introdução o próprio texto é acompanhado de notas que ajudam a perceber e a situar-nos sobre as ideias expressas mas também na mitologia grega e outras teorias filosóficas gregas que tanto podem refutar como apoiar as de Platão.
Um pequeno livro mas sem dúvida um texto extraordinário, que apesar de já ter milhares de anos não deixa de impressionar quem o lê, mesmo aqueles que tal como eu apenas têm o conhecimento filosófico de "secundária".

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