segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Edgar Alan Poe - 200 anos


Faz hoje 200 anos que nasceu esse grande génio literário tão incompreendido que foi Edgar Alan Poe.
Edgar Alan Poe, nasceu em Baltimore nos Estados Unidos e teve uma vida curta e conturbada.
Foi um precursor da literatura fantástica, terror e policial, foi igualmente um grande poeta.
Da sua obra podemos destacar "Os Contos Extraordinários", um conjunto de vários contos de cariz fantástica e sobrenatural, "Os Crimes da Rua Morgue", um policial bem elaborado e a "Narrativa Extraordinária de Gordon Pym", uma mistura de literatura de viagens e aventura com o sobrenatural.
Na poesia podemos destacar esse grande poema que é "O Corvo", que foi traduzido para português pela grande mestre Fernando Pessoa.
Alan Poe durante a vida, nunca foi considerado como um grande escritor, viveu sempre em dificuldades e entregou-se ao alcoolismo.
Tal como nos seus livros, até a sua morte está envolta em mistério, foi encontrado na rua, meio louco após um desaparecimento de vários dias, morrendo pouco depois de doença.
Apesar da sua controversa vida, Alan Poe foi um grande escritor que ainda hoje nos delicia com as suas histórias fantásticas, sendo um dos primeiros grandes autores dos Estados Unidos.

História Universal da Infâmia - Jorge Luis Borges

A História Universal da Infâmia, é um pequeno grande livro desse grande autor que é Jorge Luis Borges que é uma delícia de se ler!
Jorge Luis Borges, escreveu este conjunto de pequenos contos/relatos/biografias na sua juventude entre 1933 e 1934 e dá-nos a conhecer de uma forma simples, eficaz, resumida e até mesmo divertida, os nomes e a história da vida de certas personagens que foram autênticos criminosos, assassinos e vigaristas ao longo de vários séculos e locais.
Temos desde pistoleiros do velho oeste como Billy The Kid, a uma mulher pirata chinesa, samurais caídos em desgraça ou pretensos profetas árabes, tudo narrado de uma forma maravilhosa que nos prende da primeira à última página.
Deixo aqui uma nota explicativa do próprio autor sobre esta sua obra: "(A História Universal da Infâmia) são a irresponsável brincadeira de um tímido que não se animou a escrever contos e que se distraiu em fabricar e tergiversar (sem justificativa estética, vez ou outra) alheias histórias. (...) Derivam, creio, das minhas releituras de Stevenson e de Chesterton e também dos primeiros filmes de Von Sternberg e talvez de certa biografia de Evaristo Carriego."
Li a edição da colecção Biis da Leya, que traz grandes obras a um preço muito acessível e num formato de "bolso" mas que se leêm muito bem.

domingo, 11 de janeiro de 2009

O Pianista - Manuel Vázquez Montalbán

Desde já começo por pedir desculpa por esta ausência, mas esta altura do ano é terrível para mim, tenho sempre mais trabalho e menos tempo disponível para leituras e para actualizar o blog. Felizmente já tudo voltou à normalidade e cá estou eu de novo.
Hoje venho falar-vos de um livro que li no final do ano passado e nos primeiros dias deste ano.
O livro chama-se O Pianista e é do escritor espanhol Manuel Vázquez Montalbán.
Montalbán com este livro e de uma forma fabulosa e magistral faz-no um relato da história do séc XX Espanhol.
A história começa nos princípios dos anos 80, com a democracia espanhola a dar os seus primeiros passos, ainda muito tímidos e centra-se num grupo de amigos que vão ter uma saída à noite, passada na cidade de Barcelona, temos também uma grande descrição da própria cidade e do seu ambiente nocturno, a "movida" catalã.
Esse grupo de amigos, vai até a um cabaret assistir a um show de travestis, e lá encontram figuras públicas, nomeadamente Javier Solana, ministro em Espanha na época e o grande músico espanhol Doria.
Nesse cabaret, a acompanhar os shows de travestis, encontra-se um pianista, já idoso que chama a atenção a um elemento do grupo, devido ao seu virtuosismo a tocar, coisa fora do normal num ambiente daqueles, mais curioso vai ficar depois que no final, quando o músico Doria se dirige a esse pianista pelo nome próprio e o elogia, como se conhecessem há muitos anos.
Esta primeira parte do livro, serve como introdução à história do pianista, Albert Rossell de seu nome.
Em seguida, a acção passa-se na Barcelona dos anos 40, após a guerra civil, e a II Guerra Mundial, onde a Espanha já se encontra dentro do fascismo e temos um Rossell acabado de sair da prisão e a tentar integrar-se numa sociedade reprimida e controlada, onde ele e todos os outros ex combatentes republicanos têm dificuldade em inserir-se. Nesta parte a vida política e social de Espanha, é muito bem retratada, por vezes até de uma forma até um pouco cómica, principalmente na parte da busca de um piano para Rossell tocar. Com a descoberta de um piano, vem também o reencontro com Teresa.
Reencontro esse que nos transporta para a terceira parte do livro e para a Paris dos anos 30, que ferve de cultura e liberdade, são os anos de Hemingway, Stein, Malraux, Picasso e é nesse ambiente que encontramos um Rossell acabado de chegar da pacata Barcelona, também ele tímido e pacato apenas preocupado com os seus estudos no conservatório.
Rossell fica hospedado na casa de Doria, que é um personagem sem escrúpulos, interesseiro, apenas preocupado com a sua glória, capaz de trair quem quer que seja, sem o mínimo arrependimento para alcançar os seus fins, juntamente com Doria conhece Teresa a sua amante.
É neste clima que Rossell vai viver, ofuscado por Doria, que é totalmente o contrário dele, causando vários conflitos entre eles.
Esta também é a Paris dos revolucionários, é lá que se encontram grupos clandestinos de comunistas e anarquistas espanhóis, que esperam atentamente o evoluir da inconstante política espanhola, que conduz à guerra civil, para intervirem e regressarem a Espanha para combaterem.
Rossell vai viver dias de incerteza, de esperança e de conflito interno e é neste estado de emoções que ele vai fazer a escolha que lhe vai alterar a sua vida para sempre.
Montalbán com este livro que começa do fim para o início e que nos deixa também muitas pontas soltas, sendo quase três livros diferentes num só, faz uma descrição, mas acima de tudo uma crítica muito forte à Espanha do séc. XX e às suas políticas, seja o socialismo antes da guerra civil com os seus exageros e fraquezas, o fascismo ou a democracia "hipócrita" dos anos 80. Mostra também que não é só escritor de policiais, demonstrando que é sem dúvidas um dos melhores escritores espanhóis da actualidade.